''The worst evils which mankind has ever had to endure were inflicted by bad government''
A economia do governo Bolsonaro
Jair Bolsonaro, ex-deputado federal, torna-se presidente do Brasil. Escolhe como ministro da Economia o Paulo Guedes (formado pela Universidade de Chicago, considerada como uma grande referência do liberalismo). No início, tudo indicava que Bolsonaro seguiria uma agenda um pouco mais a favor do livre-mercado (conferir aqui e aqui). Contudo, muito embora fosse sim bem diferente de seus antecessores (que eram pró-intervencionismo e pró-Estado), Jair tinha críticas quando à sua postura ''liberal''. No primeiro ano de seu mandato, é aprovada a Reforma da Previdência. Também em 2019, é sancionada a Lei de Liberdade Econômica, que, reduzindo a burocracia, facilitou o empreendedorismo. Em dezembro de 2019, é detectado um vírus na província de Wuhan, na China. Mal sabiam os cientistas que o patógeno causaria uma pandemia global, deixando milhões de mortos. Para alguns, o Covid-19 teria escapado de um laboratório. De qualquer forma, o vírus alcança o Brasil. Estados começam a decretar quarentena (conferir aqui, aqui e aqui). O Governo Federal fecha as fronteiras. Nosso PIB sofre uma forte queda (em bilhões de dólares):
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O quanto o setor de serviços contribui para o Produto Interno Bruto despenca num nível que simplesmente supera o da crise de 2014-2016 do governo Dilma (em milhões de reais):
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O desemprego vai para 14,7%:
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Diante dessa calamidade pública, o governo aproxa o auxílio-emergencial, que ajudaria pessoas de baixa renda nessa situação difícil. Ele também aprova uma série de despesas para o enfrentamento do Covid-19, o que resulta em um custo bilionário. O problema é que nosso país já tinha déficit antes mesmo da pandemia (e ele alcançou o valor recorde de 13,4% do PIB):
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Em outras palavras, sob condições normais de temperatura e pressão, o Estado não tem dinheiro nem para suas atividades básicas. Então, de onde vieram os bilhões gastos no combate ao vírus? Respondo: do endividamento. A PEC do Orçamento de Guerra modificou algumas regras para que a economia fosse melhor gerida. Uma delas é a seguinte: o Banco Central só pode comprar e vender títulos públicos em posse de outros bancos, é assim que ele manipula a taxa de juros (esse processo se chama ''operações de open market''). Porém, abriu-se uma exceção em 2020 e ele passou a comprar títulos privados também (em posse de algumas intituições financeiras). A nossa taxa Selic foi para 2% (o menor valor da série histórica):
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Para os curiosos, aqui o gráfico completo:
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De 2020 a 2022, nossa dívida aumentou R$ 1,5 trilhão (e ela continuaria subindo):
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Agora em poncentagem do PIB:
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Lembrando que bancos não ''emprestam'' no sentido que de que crédito é igual à poupança, ou seja, para que o banco empreste R$ 50.000 alguém tem de ter poupado exatos R$ 50.000 antes. Como a moeda é virtual (dígitos eletrônicos num sistema de computador), eles na verdade fazem uma expansão, na qual mais dinheiro é criado, num processo intrinsicamente inflacionário. O nosso M1 (mede o volume da quantidade do dinheiro de maior liquidez: cédulas e moedas em posse das pessoas e empresas mais as contas-correntes) teve um acréscimo de 50% entre 2020 e 2021 (em milhões de reais):
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São números assustadores. Isso significa que, de todos os reais existentes hoje (R$ 600 bilhões), 1/3 (R$ 200 bilhões) foi criado apenas em 1 ano, durante a pandemia. Lembrando que nossa moeda é de 1° de julho de 1994. Obviamente o IPCA, que antes estava em queda, explodiu para 12,13%:
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Uma outra causa doi o dólar, que impiedosamente saiu de menos de R$ 4,10 e foi para mais de R$ 5,80:

Alguns setores, inicialmente, tinham apresentado deflação de preços (é o que acontece quando a demanda desaba). Um exemplo são as viagens de avião. Os alimentos, por outro lado, encarecem. A fome aumenta. O mundo inteiro é abalado com um fenômeno: a extrema pobreza volta s subir. Como os governos emitiram uma quantidade absurda de moeda, a inflação torna-se um incômodo para a maioria das nações. No entanto, aquelas que menos criaram dinheiro foram também as que menos tiveram aumento de preços. Eis aqui o M1 do Equador:

Agora a inflação, que mal passou de 4%:

A Bolívia também é um excelente exemplo. O ritmo de crescimento do M1 foi praticamente o mesmo de antes:

A inflação, não coincidentemente, ficou menor do que antes da pandemia:

Aqui no Brasil, o Copom subiu a taxa Selic, até chegar ao patamar de 13,75%:
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O nosso M1, depois de crescer volumosamente, mantém-se estável:
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Isso é, diga-se de passagem, excelente. Significa que mais dinheiro não está sendo criado e, por consequência, um aumento de preços causado por efeito monetário é inibido. Nossa moeda se valoriza perante as principais do mundo. Vejam em relação à libra esterlina (o gráfico diz quanto da moeda em questão nós compramos com R$ 1; se ele sobe, o real se valorizou):

Agora o Iene:

O euro:

O franco suíço:

É nítida a valorização de nossa moeda, especialmente a partir de 2022. O dólar, entretanto, continua alto:

Isso possui uma explicação lógica. Para começar, em um cenário de crise global, as pessoas ''correm'' para o dólar porque é a moeda do país mais rico e produtivo do mundo (Estados Unidos). É a chamada ''Teoria Milkshake do Dólar''. Além disso, o FED (Federal Reserve) aumentou os juros como nunca ante visto depois da Grande Recessão de 2008:
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A ideia era conter a inflação, que chegou a 9,1% (mais um pouco e os norte-americanos saberiam como um brasileiro vive):

Tudo isso, obviamente, contribui para que o dólar ficasse mais caro. O preço do barril de petróleo do tipo Brent também subiu (medido em dólares):

A Petrobrás tem lucros bilionários. Aqui dentro, a gasolina aumenta. O governo aprova uma MP que permitiria que postos comprassem etanol diretamente das usinas, o que faz o preço dele cair. Nosso país chega a registrar meses com deflação, algo raríssimo. Simultâneo a tudo isso, o governo já havia privatizado várias empresas. Bolsonaro, contudo, tal qual FHC, também criou algumas. O Brasil avança no processo de adesão da OCDE. O presidente, desesperado pela sua reeleição, sugere taxar lucros e dividendos para dar continuidade ao Auxílio Brasil (sucessor do Bolsa Família). Ele, numa épica batalha contra Luís Inácio Lula da Silva, estava preocupado em perder, pois não teria mais as proteções legais de seu cargo, e talvez fosse até preso.